
Neste fim de semana tive que fazer uma das piores escolhas: ou ficar em Caraguá e asistir ao show do Sepultura e Plebe Rude na Virada Cultural, ou ir até São Luís do Paraitinga na \Festa do Divino Espírito Santo. Como viram, pelo título, fui a São Luís. Ou seja, contrapus toda a minha formação cultural ligada ao rock n' roll, ao metal e ao punk, para assistir um dos maiores encontros de cultura popular de nossa região.
Uma parte de mim dizia: "fique, vá ver o Clemente tocando com a Plebe" e a outra dizia: "vá ver o exótico de nossa cultura". O que vi não foi nenhum pouco exótico, e sim vivo. Os homens fazem coisas sem entender porque fazem e a minha intenção lá foi justamente compreender, estudar, abrir os olhos para aquilo (nem de mais, nem de menos). Quando vi o primeiro moçambique, com crianças que participavam de um projeto cultural de um bairro carente de São Luís, apenas pensei: "é a tentativa de resgatar a cultura tradicional, folclórica". Quando vi, a noite, velhinhos tocando tambores pesadíssimos em uma congada e louvor a São Benedito, de fronte ao Império do Divino (local escolhido para abrigar os símbolos relacionados ao culto do Divino Espírito Santo - para quem não lembra a igreja não resistiu as chuvas de final e início do ano), percebi que não era questão de resgate, não havia nada a ser resgatado, era algo vivo. As vestes, todos de branco, muito puido, mas cantando e tocando com louvor. Quando o mestre da congada se benzeu sobre as fitas da bandeira com a imagem de seu santo de devoção, percebi que aquilo era mais que música.
Ainda assim pensei "são velhos, logo morrem e quem irá continuar?" Mas logo vi que estava enganado, quando vi no dia seguinte, após uma madrugada de frio intenso, acampado a beira de um rio, sobre um colchão de ar furado, que quando esvaziou gelou as minhas costas como se estivesse em um frigorífico, uma congada, às 6 horas da manhã, percorrendo as ruas de São Luís, com mulheres, jovens, adultas e crianças, com um sentimento devocional comovedor. Todas vestidas com vestidos de cetim e xita, a dançar e louvar. A mulher que puxava a cantoria, uma senhora vestida de branco lembrava mais uma mãe de santo e cantava o seu louvor ao divino e a virgem Maria.
Bem, ali estava algo que não iria morrer, não estava sendo resgatado, não era falso, forjado, mas vivo estava e irá permanecer assim.
Essa foi a lição nº 1: A cultura vive, não sobrevive, não é forjada, mas sentida, não morre, se reproduz como uma fênix, e quando você pensa que ela já foi, olha só ela te dando um tapa na cara e mandando você engolir seus preconceitos e ressentimentos.
Ah, fessor... Eu não perderia o show de Sepultura não. Rock na veia!! ^^
ResponderExcluirDesculpe, Julian.
ResponderExcluirPode até ser, mas estive em São Luiz também. Foi bom pra caaaaaa . . . (PIIII).
Muita gente bonita bebendo de nossa cultura. Perfeito.
Foi bom mesmo!!! Tirando o frio da madrugada...
ResponderExcluirAqui é meu lugar onde plantei o meu canteiro, onde plantei a semente do meu sonho verdadeiro, é um sorriso, é um abraço, é um encanto diferente... Canta minha gente... é o meu Vale do Paraíba!
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