quarta-feira, 30 de junho de 2010

"Peidei... mas não fui eu..."



Existem naturezas problemáticas que nunca estão à altura das situações em que se encontram e que nenhuma situação satisfaz. Disso nasce o enorme conflito que consome a vida sem prazer
Fonte: "Máximas e Reflexões"
Autor: Goethe , Johann




O conflito é inevitável. Parece ser parte da natureza humana. Gostamos de viver em tensão constante. De viver no limite entre o stress e o mal humor, ou entre a indiferença e a despreocupação, que podem gerar mais stress e mais tensão...
Viver com outros humanos é complicado. por isso, muita gente prefere a amizade de um animal, um cachorro. Aliás, eu tenho uma cadelinha. E muitas vezes prefiro a presença dela do que de outro humano. Só que isso é perigoso. Evitamos o conflito, mas não aprendemos a lidar com ele. Então fugimos e nos refugiamos em algo que nos traga conforto: colocar a culpa no outro, esquecendo é claro, que isso só pode gerar mais conflito. Ou então nos trancamos em quartos escuros e pedimos colo para alguém que nos entenda.





O fato é que conflitos fazem parte do nosso processo de socilaização. conviver e resolver esses conflitos é a única maneira de saná-los. Vou confessar que eu me sinto desconfortável com brigas, ou picuinhas, ou fofocas, acusações. Quando eu morava lá em Araraquara, na saudosa república Casa de Orates, muitas vezes vivíamos em pé de guerra, pelos mais diversos motivos. Alguns fugiam do debate, outros, o motivavam. Muitas vezes convoquei assembleias para discutir o que faríamos com a louça suja que já estava ali a mais de três dias e ninguém queria lavar. E lavávamos a roupa suja para encontrarmos a solução para a louça suja.

A melhor parte era que emergiam problemas desconhecidos, mágoas antigas, ou segredos que seriam revelados. Muitas vezes era um porre, mas era importante. Aliás, acabávamos de porre, o que não vem ao caso.
O único problema é que a lógica do "não fui eu" por vezes é demasiadamente egoísta e esconde o fato de você não se importar, não querer ajudar e em nada contribuir para a solução de uma situação conflitante.
Mas qualquer coisa, põe a culpa em mim, deixa que eu assumo... Afinal, somos tão egoístas que nem a culpa queremos dividir...


Para ouvir (enquanto pensa em quem culpar): Weezer, The Killers, Strokes, Artic Monkeys, Beck, kayser Chiefs e Pixies... (Trilha sonora para escrever este post)


E waka waka para os de perto e para os de longe, sei lá, tipo Suécia... Boas férias, e cuidado com o Kaká pois ele é um bad boy....

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Como partir um coração em 5 minutos


Hoje lembrei da final da Copa de 1998. Ali o Brasil perdia e eu conhecia uma das minhas primeiras namoradas. Era linda. Loira, olhos claros, branquinha. Assim, a beijei e a toquei suavemente e dignamente como deveria ser. Mas como não era para ser, não foi.
Tranquilo. Mas de 4 em 4 anos lembro dela, daquela noite. Ali também conheceria outra garota especial e importante na minha vida.
As copas do mundo mudaram a minha vida. Na copa de 2002, conheci a minha esposa. Como a Copa era no Japão e Coreia, os jogos eram de madrugada e ela dormiu em meu colo enquanto eu via a seleção ganhar o jogo, sei por quanto, o que menos importava era o resultado.
Enfim, aprendi a ganhar algumas mulheres. Mas perdi algumas também, por ingenuidade, besteira, vulgaridade.
1. Nunca conte para ninguém que você ficou com uma garota mais velha. Teus amigos vão zoar contigo e queimar o teu filme. E você vai perder a garota.
2. Nunca conte sua intimidade sexual. Isso pode ser fatal. As imagens que farão de você vai destruir algo que poderia ser muito legal.
3. Não dê ouvidos a conselhos bobos de gente boba. Principalmente se o cara acha que pega todas ou não pega ninguém. São escrotos que só querem acabar com a tua alegria.
4. Ouça a voz do coração. Esse papo de que você tem no peito uma máquina de calcular não pega. Se está apaixonado, apenas continue assim, fale com a garota, viva esse momento sem se importar em parecer meio emo.
5. Curta a fossa quando ela acontecer. A ideia de substituir a amada por outra garota é escrota e você pode se dar muito mal... Mal mesmo... tipo você vai se sentir mais escroto que os arque-rivais de personagens de histórias em quadrinhos... Tipo um coringa sacaneando o Batman...
6. Um rostinho bonito pode esconder um alma estragada. Cuidado! Você pode se enfiar em encrencas.

Mas o título é como partir um coração. E esse coração é o seu. Quem se importa com os sentimentos alheios? Você. Portanto não seja escroto (palavra do dia) e faça o que estiver ao seu alcance para ser feliz e fazer o outro ou a outra feliz. Isso serve também para as garotas. Muito desejo pode significar apenas uma paixão que se esvai após um beijo de novela e a descoberta que o amado tinha um bafo daqueles; Ou que o idiota iria sair contando para todo mundo que ficou contigo e que você era fácil...
Sei lá, puta escortice esse post... Mas acho que cervejas e recordação só podem dar em amargura e decepção, ultrapassadas apenas pela vida e experiência...
Não corte os pulsos. Lave o rosto, vista uma roupa legal e vá a luta. Qualquer escroto consegue alguém legal para ser feliz. Inclusive eu.

Waka waka para todo mundo...

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Na inutilidade da utilidade



Prá que fazer isso? Por que fazer aquilo? Prá que serve isso? Qual é a utilidade daquilo?
por vezes nos questionamos a respeito da utilidade das coisas. conversa inútil, claro, como esse blog besta(se tem algo mais útil a fazer, pare de ler, vá e faça!). Agora, por que as coisas tem que ser uteis, ou tem que servir para algo? para que serve a arte? Para nada. Ainda bem. Aliás, para muitos intelectuais, principalmente os marxistas a arte deveria servir como expressão libertadora e que demonstrasse os conflitos de classe - a arte deveria ser engajada e não alienada. Porém ainda assim, seria apenas arte, demonstraria a expressão de sentimentos, sei lá, viscerais do artista em seu descontentamento de mundo. É claro que essa é uma visão por demais simplista da coisa, mas dá para entender.
Por que as pessoas precisam ouvir música? Por que existe o futebol (lembram da ideia de pão e circo?), por que as coisas tem que ter utilidade. daí, mais uma grande frase que me vem a cabeça: quanto mais inútil a coisa, mais legal, quanto mais legal, mais importante na nossa vida. Quer ver só?
O trabalho é útil? Sim, você ganha dinheiro e sobrevive. Sim, no meu caso, ensino as paradas para as crianças, elas aprendem e me devolvem em forma de provas, provando assim que aprenderam (áh vá?).
Por vezes, ensino coisas úteis prá caramba, como as bacias hidrográficas do Brasil, por onde correm, de onde surgem, para que servem. Porém, as coisas mais inúteis são as mais legais, como por exemplo, discutir os conceitos de utilidade e inutilidade. (Há um exemplo de ironia - recurso bastante útil - nesse parágrafo, valeu?)
mas falando do trabalho, algo útil para a sua sobrevivência, pode ser chato, muito chato mesmo. Bem, o que fazemos para tornar o trabalho chato, mais legal? Dependendo da situação podemos cantar, ouvir música. Talvez isso se aplique as formas mais alienantes (apesar de que aqui esse conceito pode ser discutido, e essa discussão pode ser muito chata... porém muito útil - sem ironias).
Não sei, mas a arte, o livre pensamento, o conhecimento não pragmático são importantes. Muito. É o que dá sentido à nossas vidas.
Aliás, para que serve viver? já sei, vou cortar meus pulso... brincadeira, não sou tão emuxo assim...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Um conto em 10 minutos


Todo dia ele saía para ver o Sol se por. Todo dia ele amarrava os cadarços, vestia sua camiseta branca e chorava com a novela das oito. Todo dia ele abria os olhos, piscava, jogava uma água no rosto e conferia se após a escovação, sua boca ainda cheirava a latrina.
Nunca havia sido traído por uma namorada vírgem, dirigido um fusca azul ou transado drogas pesadas. Nunca viu a neve, caiu de cara nas areias de um deserto ou experimentou a água do mar para ver se era salgada.
Odiava cebola, pessoas que tocam em você para falar, ou que ficam repetindo "entende?". Que pensam? Não era retardado.
Sente medo da morte, vê a morte em cada esquina e acena para ela com um sorriso cínico entre os dentes amarelados pela cafeína.
Adora campos floridos. Adora montes verdejantes. Adora filmes com estrutura não linear, mesmo sem saber o que isso significa.
Em um dia ele não saiu para ver o Sol se por, esqueceu seus sapatos e pôs uma camisa vermelha. Sentou em frente a sua TV e mudou de canal de maneira descontrolada. Fugiu de si mesmo e em um instante de lucidez viu seu próprio corpo ser arrastado para um carro preto, ser enfiado em um porta malas pequeno, sem ventilação e ser jogado dentro um lago escuro, mesmo porque já era noite, e a Lua clareou suas mãos ensanguentadas, enquanto gritava que não sabia nadar.
Foi a última vez que sentiu em seus pulmões ar, antes de tê-lo preenchido por água com gosto de barro e pensar que aqueles malditos só queriam seu álbum da Copa do Mundo de 1994...

domingo, 13 de junho de 2010

A busca do Tao


As dicotomias presentes na nossa vida, as polaridades, os opostos, claro-escuro, noite-dia, luz-trevas, alma-corpo, cima-baixo, todos esses elementos formam a nossa concepção binária de mundo. Apesar de um computador agir mediante os nºs zero e um, pode fazer coisas impressionantes e complexas. Da mesma forma sociedades, filosofias, modos de pensar e agir são regidos por esses princípios.
Mesmo em termos de categorias, sempre fazemos usos binários, mesmo que no fim das contas esse uso seja dialético - aqui entendida como superação, transformação.
As coisas se movimentam em torno dessas dualidades, As coisas vivem, morrem, são construídas e destruídas, superadas, ultrapassadas, ressignificadas. Aqui entra então um novo ciclo de construção e destruição. Ideias são formadas, superadas e transformadas. o bom e o ruim, o idiota e o inteligente... todos eles são parte de um mesmo em busca de algo. Em uma perspectiva mais ampla, os mistérios que compõem a vida, são colocados em clara oposição entre o conhecido e o desconhecido. E entre esses mistérios está a oposição mais clássica, entre Deus e o Demônio. Neste mesmo processo de oposição e transformação, podemos afirmar que Deus fez o bem bem, o bom, e que o cramunhão fez o mal, o tenso, o ruim... porém olhando assim temos apenas um maniqueísmo (oposição clássica entre bem e mal, por exemplo) e o processo de transformação, superação não pode existir. Porém podemos analisar isso como um ciclo em que as forças se opõem, mas não são opostos e sim partes do mesmo. Sendo assim, Deus contém o Demonônio, o bem contém o mal, e o oposto também se fará verdadeiro. E isso é necessário pois para que um exista, é necessário que o outro também exista. O movimento não é aparente. Quando pensamos em oposição pensamos de maneira relacional, e sempre pensamos assim. Assim, o antônimo contém o sinônimo. E vice-versa.
Dessa forma a oposição é superada pelo movimento, que é superada pelo superação do próprio movimento e pelo movimento seguinte.
A luta entre claro e escuro terá um vencedor? Haverá um tempo em que a noite vencerá o dia? Não. Pois para que um exista o outro também deve existir.
Se os caminhos existem, devemos então trilhar os melhores, apesar de que bons caminhos sõ existem em oposição aos maus. E para onde leva esse caminho? O oposto de ir é voltar. Ou seja, quando se vai se volta para o local de origem, sacou? Assim, como não sabemos de onde viemos, nem para onde vamos, nos resta apenas o caminho. Nos resta apenas o Tao.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Faça você mesmo!!!

Na época da faculdade sempre tinha um carinha que aparecia por lá e vendia umas camisetas. Todas feitas por ele, com pinturas de artistas conhecidos e frases ou poemas de intelectuais. Até hoje me arrependo de não ter comprado nenhuma. o mais legal no entanto era que cada camiseta daquela era invariavelmente exclusiva, fruto da imaginação única daquele homem. Se as imagens e frases não eram dele, a junção de ambas eram.
Eu já fiz as minhas camisetas. É lógico que a falta da técnica fez com que o trabalho ficasse porco. Mas não é problema. Uso mesmo assim. E sabe por quê? Eu fiz.
Outro dia discutia com meus alunos como fugir do processo globalizatório que homogeneiza tudo. A conclusão foi bem simples: vamos ter que dar valor para as pessoas que fazem coisas na nossa cidade, seja uma camiseta, um vestido, um chapéu. O grande barato da moda é ser exclusivo, mas como se as coisas são criadas e vendidas em massa? Aí você tem que pagar bem caro. Mas há uma saída.
O sistema é bem simples. Sabe aquele hippie da praça que faz grafite em camisetas? Valorize o trabalho dele. Quer um tênis exclusivo? Compre um branquinho e mande esse hippie desenhar no seu tênis. Por quê? Bem se você comprar um Adidas, ele será fabricado na China, Vietnã ou Malásia. Esses trabalhadores ganham um salário minúsculo, além de não ter quaisquer garantias. O grosso da grana irá para investidores nos EUA. Aqui no Brasil, lucram o dono da importadora, da loja. O transporte gerá poluentes, a fabricação não respeita regulamentações ambientais.
Se for feito aqui, além, de dar oportunidade para a nossa gente, a grana irá girar aqui mesmo, fortalecendo as economias locais. E mais você poderá dizer que tem um estilo de vida que fortalece esse tipo de economia.
Eu, particularmente, demorei para perceber isso. Mas ainda há tempo.
Pense nisso!